Dirigido pelas cineastas Mariana Campos e Raquel Beatriz, o curta narra a história de Hilária Batista de Almeida a partir da perspectiva da visibilidade da mulher negra na sociedade brasileira.
O filme traz depoimentos de mulheres negras que são referências na luta contra o racismo e pela visibilidade do protagonismo feminino negro em diferentes áreas de atuação. São elas: a escritora Conceição Evaristo, a filósofa e escritora Helena Theodoro, a historiadora Giovana Xavier, a pesquisadora de cinema negro brasileiro Janaina Oliveira, a atriz e antropóloga Angela Peres, as cantoras Marina Íris e Nina Rosa, a bisneta de Tia Ciata, Gracy Mary Moreira e Iyalorixá Mãe Beata de Iyemonjá, que faleceu recentemente deixando um legado de luta pela igualdade de direitos para o povo negro e sempre será referência de força ancestral e resistência, inspirando gerações.
As performances artísticas do filme são protagonizadas pelo Coletivo Mulheres de Pedra, um grupo de mulheres negras do Rio de Janeiro que realiza projetos com o objetivo de valorizar o protagonismo da mulher negra. O coletivo é composto por atrizes, musicistas, produtoras culturais, comunicólogas, entre outras.
Salve Tia Ciata!
Tia Ciata teve um papel importantíssimo na nossa cultura, mas infelizmente este fato não é protagonizado nos registros históricos do Brasil. Assim como ela, tantas outras mulheres negras que foram fundamentais na construção da identidade nacional tiveram suas trajetórias invisibilizadas, uma vez que vivemos em um país marcado pelo machismo e por um racismo estrutural que atravessa gerações. Assim, nesta ótica, são estruturadas as narrativas críticas do filme.
A casa da Tia Ciata na região que era chamada de Pequena África, foi verdadeiro núcleo de resistência cultural, servindo de pólo de integração de vários grupos que difundiam e mesclavam ritmos e costumes, afirmando a presença da diversidade e riqueza da cultura negra, sendo o lugar responsável pelo desenvolvimento e consolidação do Samba no Brasil.
Direção e roteiro: Mariana Campos e Raquel Beatriz
Gênero: Documentário
Ano: 2017
Classificação: Livre
Um pouco mais sobre ela,
Hilária Bastista de Almeida.
Hilária Batista de Almeida, Tia Ciata, como era conhecida, nasceu em 1854 em Santo Amaro da Purificação, Bahia. Aos 22 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, no êxodo que ficou conhecido como diáspora baiana. No Rio, formou nova família ao se casar com João Baptista da Silva, funcionário público com quem teve 14 filhos.
Como todas as baianas da época, era grande quituteira. Começou a trabalhar colocando o seu tabuleiro na Rua Sete de Setembro, sempre vestida de baiana. Com tino comercial, também alugava roupas típicas para o teatro e para o carnaval.
Hilária foi iniciada no candomblé em Salvador por Bangboshê Obitikô e era filha de Oxum, no Rio de Janeiro era Iyakekerê no terreiro de João Alabá, na Rua Barão de São Felix, onde também ficava a casa de Dom Obá II e o famoso cortiço Cabeça de Porco. Em sua casa, as festas eram famosas. Sempre celebrava seus orixás, sendo as festas de Cosme e Damião e de Nossa Senhora da Conceição as mais prestigiadas. Mas também promovia festas profanas, nas quais se destacavam as rodas de partido-alto. Era nessas rodas que se dançava o miudinho, uma forma de sambar de pés juntos, na qual Ciata era mestra.
A Praça Onze ganhou o apelido de Pequena África, porque era o ponto de encontro dos negros baianos e dos ex-escravos radicados nos morros próximos ao centro da cidade. Lá se reuniam músicos amadores e compositores anônimos. A casa de Tia Ciata, na rua Visconde de Itaúna 117, era a capital da Pequena África. Dos seus freqüentadores habituais, que incluíam Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Sinhô e Mauro de Almeida, nasceu o samba. A música Pelo telefone foi o primeiro samba registrado, no final de 1916, e virou sucesso no carnaval de 1917.
As chamadas "tias" baianas tiveram um papel preponderante no cenário de surgimento do samba no Rio de Janeiro, no final do século XIX e início do XX. Além de transmissoras da cultura popular trazida da Bahia e sacerdotisas de cultos e ritos de tradição africana, eram grandes quituteiras e festeiras, reunindo em torno de si a comunidade que inundava de música e dança suas celebrações – as festas chegavam a durar dias seguidos.
Em 1935, o então prefeito do Rio, Pedro Ernesto, legalizou as escolas de samba e oficializou os desfiles de rua. Antes disso, sem horário nem percurso fixo, o indispensável era que os grupos passassem pela Praça Onze, pelas casas das “tias” baianas. Elas eram consideradas mães do samba e do carnaval dos pobres. A casa de Tia Ciata era parada obrigatória, pois era a mais famosa e muito respeitada pela comunidade. As tias são representadas e homenageadas nos desfiles, pela ala das baianas das escolas de samba.Tia Ciata morreu em 1924 deixando um grande legado para a cultura brasileira.
Referência: Acorda Cultura
Equipe.
MARIANA CAMPOS
Diretora e Roteirista
KAREN PEREIRA
Diretora de Fotografia
RAQUEL BEATRIZ
Diretora e Roteirista
AMANDA MORAES
Técnica de som direto
ANA BEATRIZ
Diretora de Produção
ERIC PAIVA
Diretor de Fotografia
CAROLINA MERAT
Assistente de Direção
VILSON ALMEIDA
Técnico de Som Direto